Da presença de palco à presença de câmera

Com as restrições de contato físico impostas pela pandemia da Covid-19, as chamadas lives, ou transmissões ao vivo – embora, muitas vezes banalizadas – conquistaram definitivamente o gosto de diferentes gerações. Segundo dados de pesquisa da New York Magazine, mais de 80% dos entrevistados preferem assistir conteúdo em vídeo do que ler textos. Assim, as lives se tornaram a solução mais imediata e apropriada para manter o relacionamento com os públicos que influenciam os negócios: clientes, colaboradores, rede de distribuição, fornecedores, imprensa, sociedade.
E, mesmo que, tudo que é necessário para aparecer em tempo real para milhões de pessoas com a rapidez de um clique, é um smartphone e uma boa internet, vale assegurar o básico na produção para atrair e reter atenção. Sem perder a descontração e a informalidade – grandes forças das lives – é fundamental ter o mínimo de cuidado com a iluminação, imagem, áudio e cenário. Além de roteiro para não perder o fio da meada e manter um ritmo atraente. E, claro, conteúdos de interesse, preferencialmente exclusivos.

Dias desse, o convite para participar de uma transmissão ao vivo sobre a emergência da comunicação institucional, veio acompanhado de uma série de orientações, inclusive, a de observar a organização e arrumação do ambiente e pediam também para evitar ruídos externos como choro de bebê, buzinas e até mesmo latido. À princípio, achei curioso, mas sem dúvida, tratam-se de cuidados necessários para que a audiência não se disperse com outras informações.

Da mesma forma, passado o susto que levou ao cancelamento dos eventos com presença física, em respeito ao distanciamento social, proliferam-se os eventos virtuais, exigindo novas competências para quem vai protagonizar uma conferência, uma palestra, um seminário ou treinamento com audiência remota. Recomendados para todos os portes e segmentos de negócios, os eventos online são a resposta para se adaptar à nova realidade e manter a agenda de eventos programados para o ano. Uma tendência que, ao que tudo indica, tem forte tendência de se manter como uma solução eficiente, mesmo na retomada, em razão do alto potencial de conectar pessoas. Porém, o modelo totalmente virtual deverá migrar para o formato híbrido, que mistura ações virtuais e presenciais. A força está na possibilidade de reunir grandes audiências e segmentá-las, bem como a criação de um banco de dados para análise de desempenho, a interação com a marca e a possibilidade de participar tanto por um computador como por telefone, além dos recursos de chat, questionários, enquetes e até upload das apresentações com opção de acesso no momento mais conveniente. Sem falar na redução de custos de logística, em momento de economia fragilizada. Muito embora, os custos vão depender do porte e do propósito do evento. De qualquer forma, um fórum, uma convenção, uma entrevista coletiva ou lançamento de produtos produzidos com excelência, vão exigir uma infraestrutura tecnológica com orçamento que pode variar de acordo com a ambição.

Plataformas abertas ou fechadas, permitem infinitas possibilidades. Desde o merchandising de patrocinadores até o networking através de uma espécie de match entre audiência com interesses comuns. Auditórios foram substituídos por salas virtuais, olhares da plateia por câmeras e palestrantes em apresentadores de televisão. Aliás, este é um ponto de extrema atenção. A era da comunicação virtual continua exigindo bons conteúdos, ótimos roteiros, mas, principalmente, apresentadores e palestrantes treinados e familiarizados com o ambiente de câmeras e equipamentos de transmissão. Os executivos agora precisam também dominar técnicas de apresentação em vídeo para atrair e reter audiência. Agora vale a presença de câmera, não apenas a presença de palco.