Comunicação relacional no ambiente virtual?
Sempre admirei os líderes com quem trabalhei, que não se mostravam presos a um calendário de reuniões, mensais ou semanais, para uma conversa aberta em equipe ou individualmente. Fosse para passar informações sobre a organização, discutir metas e desempenho, dar apoio às dificuldades, reconhecimento de trabalho ou mesmo aparar alguma aresta. Como líder também procuro fazer o mesmo. E, em ambas situações, é visível o poder da comunicação face a face, olhos nos olhos.
Meios de comunicação, desde que produzidos com agilidade, verdade e transparência são, indiscutivelmente, importantes ferramentas de apoio para a comunicação das organizações. Seja para alinhar objetivos e metas, fortalecer valores e cultura. Em especial, agora que os funcionários assumiram o protagonismo da comunicação das empresas e se transformaram em geradores de conteúdo e influenciadores em rede.
Na Suécia, aprendi algo muito simples sobre quando usar a comunicação interpessoal em detrimento dos canais:
Opte pelos meios de comunicação quando tiver urgência, quando a mensagem for simples, fácil de ser compreendida, não apresentar risco de controvérsia ou ruídos.
Opte pelo diálogo, sempre que a mensagem for polêmica, complexa, com riscos de provocar rumores ou demandar resposta ou explicação. E, mais importante, quando o tema for uma oportunidade para uma conversa de alinhamento, esclarecimento e fortalecimento da confiança.
Mas, e agora, quando grande parte dos colaboradores das empresas estão em casa em teletrabalho? Momento que a resistência ao home office foi quebrada, mesmo para os prémilenials e as empresas estão avaliando até como uma tendência para o novo normal? Como manter o diálogo, o time engajado e comprometido mesmo remotamente e num ambiente de tantas incertezas? Lembrando que grande parte dos colaboradores já não tem mesa de trabalho e pertencem a cinco gerações distintas.
Nunca foi tão necessário a comunicação frequente e verdadeira para nutrir a cultura, a identidade da organização e praticar o relacionamento. Momento de sustentar a liderança relacional no ambiente virtual e manter a unidade através do exemplo.
Tenho dito que, aquele líder que já praticava o diálogo com as suas equipes, que liderava com genuíno interesse pelas pessoas, com desprendimento para compartilhar informações, dar suporte e orientação aos seus colaboradores, não está tendo dificuldade para manter o relacionamento e a confiança da equipe.
Está mantendo os encontros e reuniões, seja com o time ou individualmente, fortalecendo os propósitos e estimulando a colaboração, com o olhar ainda mais humano. Não hesita em ser transparente sobre os impactos da pandemia nos negócios e as incertezas do futuro. Sabe que, agindo como ser humano, recebe maior respeito dos seus colaboradores e abertura para refletir sobre o futuro e as transformações que estão sendo exigidas de todos nós.
Já aqueles que ainda não experimentaram a liderança humanizada, tem à frente uma boa oportunidade de se tornar um gestor inspirador e estimular o relacionamento num ambiente de comunicação transparente e frequente. Está tendo a chance de aprender a dialogar e exercer interesse não só pelo profissional, mas também pela pessoa, uma vez que as fronteiras entre a vida profissional e pessoal estão muito próximas. Está tendo a chance de construir um relacionamento de confiança mútua, através da verdade e até admitir as suas angústias e as fraquezas. E a oportunidade de unir a equipe através de desafios e objetivos comuns. Aprender a dizer não sei e até pedir desculpas, experimentando a verdadeira liderança. Aquela que inspira e atrai seguidores, incondicionalmente.